Por Soo Bin Park
Junho 5, 2012.
SEUL, Coréia do Sul
Mencione criacionismo e o pensamento de muitos cientistas se voltam aos Estados Unidos, onde os esforços para limitar o ensino da evolução conseguiram lograr progresso em uns poucos Estados.1 Mas esses sucessos são modestos quando comparados com aqueles na Coréia do Sul, onde o sentimento anti-evolução parece estar vencendo a batalha contra a predominância da ciência.
A campanha foi liderada pela Sociedade para a Revisão de Livros de textos" (acrónimo em inglês, STR) que pretende apagar o "erro" da evolução nos livros de textos a fim de "corrigir" a ótica do mundo tida pelos estudantes, de acordo com a "website" da dita sociedade. Esta diz que entre seus membros se incluem professores de biologia e professores de ciências de Escolas Secundárias.
A STR também está fazendo campanha para remover o conteúdo sobre a "evolução dos humanos" e "a adaptação de bicos tentilhões baseada no hábitat e meio de subsistência," uma referência a uma das mais famosas observações no livro de Charles Darwin, "A Origem das Espécies." Para reforçar a campanha, o grupo destaca as descobertas recentes de que o Archaeopteryx é uma das muitas espécies de dinossauros penados e não, necessariamente, o ancestral de todos os pássaros.2 Explorar tais debates sobre a linhagem das espécies, comenta Joonghwan Jeon, um evolucionário psicólogo da Universidade Kyung Hee em Yongin, "é uma estratégia típica dos cientistas do criacionismo para atacar o ensino da evolução."
A Sociedade para a Revisão de Livros de textos (STR) é uma ramificação da Associação de Pesquisa Criacionista (acrónimo em inglês, KACR), de acordo com o porta-voz da dita associação, Jungieol Han. Graças, em parte, pelos esforços da KACR, a ciência criacionista – que busca prover evidências em suporte do mito criacionista descrito no Livro de Gêneses – tem alcançado crescente influência na Coréia do Sul, ainda que a Sociedade para a Revisão de Livros de textos (STR), tenha-se distanciado de tais doutrinas. Desde o princípio de 2008, a KACR marcou vantagem com a bem-sucedida exibição em "Seoul Land," um dos parques de diversões mais frequentados da nação. De acordo com o grupo, a exibição atraiu mais de 116.000 visitantes em três meses e o parque está, atualmente, fazendo projetos para criar outra exibição que deverá funcionar num período de um ano.
Mesmo o instituto de ciências líder na nação – o Instituto Avançado de Ciência e Tecnologia da Coréia – já tem uma exibição de ciência criacionista em campus. "A exibição há sido organizada por cientistas que crêem na ciência do criacionismo desde os idos de 1993," diz Gab-duk Jang, um pastor da igreja em campus. O instituto também tem uma próspera Associação de Pesquisas para a Ciência Criacionista administrada por professores e estudantes, acrescenta.
Antipatia contra a evolução
Em uma pesquisa conduzida em 2009 para o documentário "A Era de Deus e Darwin," na Coréia do Sul, quase um terço dos entrevistados não cria na evolução. Destes, 41% afirmou não haver suficiente evidência científica para apoiar a teoria; 39% disse que o ensino contradizia suas crenças religiosas; e 17% disse não entender a teoria. Os números se aproximam aos mesmos dos Estados Unidos onde outra pesquisa levada a cabo pela firma Gallup, demonstrou que 40% dos americanos não crêem que os humanos evoluíram de uma forma menos avançada de vida.
A raiz da antipatia Sul Coreana contra a evolução não é muito clara, ainda que Jeon sugere que, parcialmente, "se deve a um forte Cristianismo no país." Mais ou menos a metade da população Sul Coreana pratica uma religião, na maioria dividida entre Cristianismo e Budismo.
A pesquisa feita pelos professores estagiários do país concluíram, porém, que as crenças religiosas não foram um forte determinante em sua aceitação da teoria da evolução.3Encontrou também que 40% dos professores de biologia concordam com a afirmação de que "muitos da comunidade científica duvidam que a evolução de fato ocorra " e metade discorda de que "a humanidade moderna é o produto de um processo evolucionário."
Até o momento, diz Dayk Jang, a comunidade científica tem feito pouco para combater o sentimento anti-evolucionário. "O problema maior é que existem somente 5 – 10 cientistas evolucionários no país que ensinam a teoria da evolução nas Universidades," ele afirma. Tendo visto o ferocidade do debate a respeito da evolução nos Estados Unidos, acrescenta, alguns cientistas também se preocupam de que, engajar-se com os criacionistas, poderá dar às argumentações criacionistas maior credibilidade entre o público.
O silêncio não é a resposta, diz Daryk Jang que, agora, está organizando um grupo de peritos que inclui cientistas evolucionários e teólogos que crêem na evolução, a fim de contrariar a campanha da SRT trabalhando no sentido de melhorar o ensino da evolução na sala de aula e num âmbito mais amplo da vida pública.
Referências:
1. Thompson, H. Nature http:dx.doi.org/10.1038/nature.2012.10423 (2012);
2. Xu, X, You, H., Du, K. & Han, F, Nature 475, 465-470 (2011);
3. Kim, S. Y. & Nehm, R. H. Int. J. Sci. Edu. 33, 197-227 (2011).
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