Danyllo Gomes
Dentre tantas frases, acho que a melhor que poderia definir a função dos mártires na perseguição é “O sangue dos cristãos é semente”. Tertuliano de Cartago, através dessa afirmação retrata praticamente a importância dos mártires. Com o sangue desses homens a fé cristã se espalhou, através dos seus testemunhos e das suas mortes.
A fé cristã se diferenciava da religião pagã de várias formas, porém a principal é o tamanho desespero que a religião pagã traz. Um exemplo disso é o deus Lar que o Pr. Marcos Graconato exemplifica na sua aula. Os desesperos dessas religiões retratam exatamente o oposto da fé cristã. Diferentemente das religiões pagãs, a fé cristã ela se apresentava como uma religião de paz, onde as pessoas não tinham desespero para com seu Deus. Então os pagãos depois de um longo dia de perseguição, chegavam às suas casas e se perguntavam: “Porque aquela pessoa estava tão tranqüila para morrer, e eu não tenho essa tranqüilidade, essa paz. O que é que ela tem e eu não tenho?”. E a morte dos mártires foi de grande importância para a expansão, pois através deles as pessoas chegavam em casa, se indagavam e depois gostariam de ter a mesma paz que aqueles homens tinham. Após algum tempo o império percebeu que com essas mortes essa fé estava se espalhando, em vez de diminuir. Então eles começaram a torturar os cristãos, para que eles apostatassem de sua fé.
Interessante observarmos que quem perseguiu os cristãos primeiro forma os judeus, e não o império. O motivo pelo qual o império não perseguiu os cristão primeiramente foi porque eles pensavam que o cristianismo era uma seita do judaísmo, assim como os saduceus. Como o judaísmo era uma religiolícita, ou seja, era uma religião legalizada pelo império, e como o cristianismo era considerada uma seita dessa religião não houve perseguição por parte do império.
Agora, entrando realmente na história, vamos analisar o primeiro século. No primeiro século houveram duas perseguições, uma por parte de Nero e outra por parte de Domiciano. E vale salientar que essas perseguições não foram por causa da fé cristã, mas por motivos. Explicarei com mais detalhes a seguir:
· Nero
A perseguição por parte de Nero aconteceu da seguinte forma: Nero era meio louco e tinha a idéia de construir uma “Nerolândia”, uma cidade dele. Tácito diz que o próprio Nero coloca fogo numa parte de Roma por dois motivos: primeiro porque ele queria construir sua cidade em cima dessa que ele estava destruindo, e segundo porque ele estava buscando inspiração. Com isso o povo cai em cima de Nero por ele ter colocado fogo na cidade. Mas Nero observou que o bairro que tinha mais cristãos foi o menos afetado pelo fogo, e ele coloca a culpa nos cristãos. Nero diz ao povo que foram os cristãos que atearam fogo na cidade, e a partir daí começa as perseguições. Essa perseguição foi em um pequeno período de tempo, mas foi bastante sangrenta. Neste tempo foi que houveram a utilização dos circos, onde Nero utilizava o corpo dos cristãos queimados para iluminar o local.
· Domiciano
Já Domiciano perseguiu por causa de impostos que os cristãos não pagavam. Havia o templo de Júpiter Capitolino, e os judeus se recusavam a pagar os impostos para a manutenção deste templo, e com isso os sacerdotes estavam ficando sem manutenção, isso acendeu a ira do imperador e houve outra perseguição.
Após essas perseguições houve um tempo de vazio sobre a igreja cristã. Sabe-se pouca coisa entre os períodos de 65/68 até 110.
No segundo século, durante o império de Trajano começou outra perseguição por parte do império. Plínio, o moço, da Bitínia, enviou uma carta a Trajano informando-o que estava se espalhando uma superstição (o cristianismo) que estava esvaziando templos e os vendedores de sacrifícios estavam se empobrecendo porque as pessoas não estavam mais fazendo sacrifícios. Essa perseguição foi feita de modo interessante, pois ela é diferente das outras. A idéia de da perseguição de Plínio não é de ir atrás dos cristãos, mas se alguém denunciasse um cristão o império começava a investigar a vida do acusado. O acusado poderia provar que não era cristão se ele adorasse outros deuses e negasse a sua fé. Um Inácio de Antioquia morreu no governo de Trajano.
Após Trajano, Marco Aurélio governou Roma e também perseguiu os cristãos. Na época do seu império havia muitas pestes, doenças e fome e Marco Aurélio acreditava que todas esses acontecimentos ruins estavam ocorrendo porque ele não estavam adorando corretamente os seus deuses. Ele acreditava que o fato deles não estarem adorando seus deuses devidamente era por causa dos cristãos, e a partir daí iniciaram-se as perseguições. A perseguição do imperador Marco Aurélio é considerada uma das mais sangrentas da história, creio que por causa da influência que ele sofreu de Fronto. E em Lyon, na França, no ano de 177 também houve uma grande perseguição.
Por volta do ano 250 Décio viu que os cristãos estavam sendo uma ameaça para o império estado, por isso ele exigiu uma oferta anual de sacrifícios aos deuses e ao imperador, e quem fizesse essa oferta ganharia o chamado ‘libellus’, porém. Essa perseguição durou até a morte de Décio.
Por ideais políticos, Diocleciano foi o imperador que perseguiu mais fortemente os cristãos. Diocleciano ordenou o fim das reuniões cristãs, a destruição das igrejas, a deposição de oficiais da igreja, a morte dos fiéis a cristo e a queima das Escrituras. Após um tempo também houve a obrigatoriedade de sacrifícios aos deuses e quem recusasse estava sujeito a pena de morte. Depois que Diocleciano se retirou, a perseguição diminuiu.
Galério, em 311 deu tolerância aos cristãos, desde que não violassem a paz do império. Porém a perseguição não cessou totalmente, só após Constantino e Licínio.
A perseguição da igreja teve seus pontos positivos e negativos. Com a perseguição o evangelho pôde se espalhar pelo império através dos mártires; houveram as “peneiras”, pois só quem era fiel a Cristo era quem era perseguido e não abria mão da sua fé. Houveram pontos negativos pelo fato do povo de cristo sofrer, mas sabemos que o Senhor é soberano e que tudo que acontece, principalmente com sua igreja, é somente para Sua glória; Ele tem propósito em tudo. Que o Senhor no ajude a sermos como os mártires, que no nosso dia-a-dia possamos morrer para nós mesmos e se alegrar em Cristo. “Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte? Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Assim que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado.” Romanos 7:24-25. Possamos ter Paulo como exemplo.