domingo, 28 de outubro de 2012

A Trindade Santa

Por Danyllo Gomes


Antes de entrarmos diretamente no assunto preciso dar algumas explicações. Dentre tantos assuntos que eu poderia abordar, por que eu escolhi A Trindade? A principal razão de ter escolhido esse assunto é o fato dessa doutrina hoje estar sofrendo vários ataques. Uma doutrina que não importa quanto a estudemos, nunca vamos compreendê-la totalmente, o que devemos fazer é apenas nos curvar a ela e reconhecer a sua importância. Nós somos criação, somos seres humanos e por isso, nossa mente é limitada. Não conseguimos compreender algo que é acima de nós, algo que a nossa razão não consegue explicar.
            O que desejo fazer nesse trabalho é um apanhado geral sobre a doutrina da trindade da melhor forma possível. Vamos ver algumas visões de outras religiões quanto à trindade, e assim por diante. Tentarei expor da mais simples até a mais complexa explicação desta tão importante doutrina para que isso fique claro tanto na minha quanto na sua mente. Se errarmos na crença dessa doutrina, vamos está adorando a qualquer outro Deus, menos o da Bíblia.

Concepções erradas sobre a Trindade
Animismo e as religiões antigas
            O deus dos Egípcios antigos emergiu de um ser impessoal (Nun) que é considerado a realidade última. Não há diferença entre criação e criador, pois os dois compartilham da mesma realidade. Temos como exemplo o deus Rá. Esse foi o primeiro Deus que emanou do Nun, porém existiram mais que esse. Por esse motivo a religião Egípcia era politeísta.
            Eles tinham o costume de agrupar os deuses, e normalmente em tríades. O mais conhecido é a Tríade de Osíris, Ísis e Hórus. Porém, apesar de ser tríade, não há nenhum entendimento, mesmo que mínimo, sobre a Trindade. Elas eram totalmente separadas, não havia uma essência só (como é o caso da Trindade).
            As religiões que eram baseadas no Animismo tinham seus deuses sempre em personificação com os elementos da natureza. Isso se deve a ideia que a criação e o criador são um só.
Panteísmo
            O Animismo passou para o panteísmo, o que já era esperado por causa da mistura entre o divino e o criado. A crença do panteísmo é que a divindade é tudo o que foi criado. Tudo faz parte dessa divindade, e ela engloba tudo. Tudo no universo é reduzido a uma unidade só, a divindade. Afirmam que é um ser supremo e impessoal, apesar de poder existir espíritos menores. Dessa forma, o próprio ser humano é divinizado, já que tudo é divino, e evidentemente o ser humano está presente. Como exemplo de fortes religiões panteístas estão: a Nova Era e o espiritismo kardecista.
            Como exemplo, o espiritismo acredita que há um único ser que engloba tudo. Interessante notar que o próprio Kardec diz que o espiritismo não ensina o panteísmo. Ele afirma que existe apenas uma divindade, mas diz que não sabe ao certo o que Deus é. Porém, o sistema que Kardec utiliza para falar de Deus é um sistema que não faz distinção entre criação e criador. No ensino de Kardec a matéria é má, corrompida e etc. e o espírito é puro (a divindade) representa paz, bem e amor perfeito. Entre os dois existe uma espécie de “ser” que vai evoluindo através das reencarnações, onde a cada passo dado uma hierarquia acima é alcançada pelo espírito, até que chegue a divindade. O objetivo é se libertar da matéria que é má e tornar-se divino. Claramente esse ensinamento nega a trindade pelo fato de considerarem que o próprio Jesus não era Deus. Jesus, para os espíritas, era apenas um espírito muito evoluído. Desse modo a Trindade já é negada nesse ensino.
Politeísmo
            A principal diferença entre os panteístas e os politeístas é que: o panteísmo enfatiza a unidade (o uno), o politeísmo, por sua vez, enfatizam a diversidade do ser (o múltiplo). Como exemplo tem o hinduísmo, que é tanto hinduísta como politeísta. O que acontece é que Brahma é um ser supremo e impessoal, porém existem outros espíritos que emanam dele, e esses espíritos é que são pessoais. Ensino também totalmente contrário a Trindade Bíblica.
Monoteísmo não-trinitário
            O Islamismo e as testemunhas de Jeová acreditam num tipo diferente de monoteísmo. No Islamismo o principal conceito é a unicidade de Deus. A idolatria é altamente condenada e a possibilidade de Deus ter um filho é uma blasfêmia. Não é a toa que Maomé é denominado de profeta, e não filho de Alá. O Alcorão nega explicitamente a doutrina da Trindade. Maomé diz que a doutrina cristã ensina que existem três deuses: Deus o Pai, Jesus e Maria; por isso os mulçumanos acusam os cristãos de politeísmo. Na concepção de Maomé a natureza de Deus (Alá) nunca poderia se unir a natureza humana, por esse motivo Jesus é considerado apenas um profeta.
            Do mesmo modo as testemunhas de Jeová acreditam que há um só Deus, e negam veementemente as três pessoas da trindade. Acreditam que Cristo é um ser criado e finito, e não um ser eterno. O Espírito Santo para eles não é um ser pessoal, mas é uma força de impessoal. Uma força que Deus se utiliza para realizar seus desejos.
            O fato de Deus ser considerado uma unidade sem distinção nos leva a acreditar que Deus precisa da criação para realizar seus desejos. Nesse sistema Deus não seria um ser supremo, mas um ser que necessitaria trabalhar em conjunto com sua criação.
Modalismo ou Sabelianismo
            O modalismo diz que só existe um Deus, porém ele se revela a nós em “formas” diferentes. Como por exemplo: esse Deus no Antigo Testamento era o Pai, depois desceu dos céus como Jesus Cristo, e quando Cristo subiu aos céus ele se transformou no Espírito Santo. Então, como vemos, o modalismo afirma que uma única divindade se revelou a humanidade de três formas diferentes em momentos diferentes. O principal erro do modalismo é negar a relação entre os membros da trindade, pois dessa forma na eternidade Deus não tinha relacionamento e então ele criou o homem para que tivesse com quem se relacionar. Por isso esse pensamento deve ser rejeitado. O Deus que é uma só essência e três pessoas é transformado num único Deus que se mostra de três modos diferentes.
Arianismo
            Os arianos afirmam que Cristo foi criado pelo Deus Pai, e que antes disso nem o Filho nem o Espírito Santo existia, mas somente o Pai. Então, apesar do filho ser o maior de toda criação Ele não se iguala ao Pai nos seus atributos e na Sua divindade, ou seja, não é da mesma natureza do Pai. De acordo com os textos de Jo 1:14; 3:16, 18; 1 Jo 5:9 os arianos afirmavam que por cristo ser chamado o “unigênito” do Pai, eles acreditavam que por isso Cristo é um ser criado pelo Pai (a palavra ‘gerar’ na concepção humana significa ‘dar cria’ a um filho). Outro texto utilizado por ele é Colossences 1:15. De acordo com eles quando o texto diz “primogênito de toda criação” significa que: implicitamente, quando alguém é primogênito é porque no momento em que ele foi gerado ele era o primeiro. Esse princípio vale tanto para o Filho como para o Espírito Santo. A doutrina Ariana foi rejeitada pelo Concílio de Nicéia, em 325, e mais tarde, reafirmando a sua falsidade pelo Concílio de Constantinopla, em 381.
Adocianismo
            O adocianismo acredita que Jesus viveu como um homem comum até o seu batismo, após isso Deus o adotou e lhe concedeu poderes sobrenaturais. Não o veem como um ser eterno e nem sobrenatural criado por Deus, que era o que os arianos acreditavam. Mesmo após o batismo eles não consideravam Cristo como verdadeiro filho de Deus, mas o consideravam como um humano acima dos outros, um humanos que Deus concedeu poderes e o chamou de “Filho” num sentido em que nenhuma outra pessoa foi chamada. Nunca foi considerada uma doutrina ortodoxa, pelo contrário, sempre negou a divindade de Cristo e do Espírito Santo.
O triteísmo
            Esse pensamento nega que só existe um único Deus. Acreditam que cada pessoa da trindade é um Deus específico, portanto, na concepção deles existem três deuses.

CONCEPÇÃO CORRETA SOBRE TRINDADE
            Pode ser usado um termo para a trindade que é chamado de Trindade Ontológica (significa que a trindade é considerada em si mesma, em sua eternidade e comunhão completa entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Durante toda a Bíblia vemos que Deus não é um ser subordinado ao ser impessoal de um ambiente maior que Ele próprio. A Teologia Sistemática de Franklin Ferreira faz uma ótima descrição: “... a expressão ‘autocontido’ descreve um elemento essencial para entender a natureza de Deus. A realidade derradeira não é o ‘ser’ ou a ‘existência’ abstrata, mas sim a trindade, o uno e o múltiplo divino, dinâmico, vivo e pessoal.” Portanto, é de suma importante entendermos essa doutrina divina da maneira correta, para que possamos adorar ao Deus verdadeiro, e não um criado por nós mesmos. Veremos os três “aspectos” da trindade: a unidade, a diversidade e o “conjunto”.
A unidade de Deus
            A unidade da trindade tem que ser colocado em primeiro plano, porque ela é a base para a essência das outras pessoas e porque ela exclui qualquer forma de subordinação, sendo dessa forma uno. O que as Escrituras afirmam para uma pessoa, é afirmada para outra também. O Deus verdadeiro e único não é apenas o Pai, mas também o Filho e o Espírito Santo.
            Como tudo que for falado a respeito da trindade pertence à natureza divina, então tudo que for falado tem que ser no singular, pois é apenas uma pessoa. Cada uma das três pessoas (como diz o credo de Atanásio) é incriada, infinita, onipotente e eterna; não há três incriados, onipotentes e eternos, mas apenas um.
            A trindade possui uma vontade única e uma ação única e indivisível. As três pessoas atuam com um único princípio; e como são inseparáveis atuam inseparavelmente. Portanto, apesar de serem pessoas diferentes elas agem inseparavelmente, com o mesmo propósito.
            É óbvia e visível a dificuldade que vemos nesses pensamentos em diferenciar as pessoas individualmente. Porém como exemplo temos o fato de Cristo. Apesar de ter sido Cristo que morreu, ressuscitou, encarnou, O Deus Pai cooperou igualmente na realização da morte, ressureição e encarnação.
A diversidade de Deus
            A distinção das pessoas da trindade é por causa da relação mútua entre elas. Apesar de ser considerada apenas uma essência divina, o Pai é diferente do Filho por gerar o Filho, e o Filho é diferente do Pai por ser Filho gerado. Uma ótima descrição para entendermos esse ponto:
“Com respeito às relações mútuas da Trindade, se aquele que gerou é princípio do gerado, o Pai é princípio em referencia ao Filho, porque o gerou. Entretanto não é uma investigação de pouca importância inquirir se o Pai é também princípio com relação ao Espírito Santo, pois está escrito: procede do Pai. Se assim for, é princípio não somente do que gera ou faz (o Filho), mas também da Pessoa que ele dá (o Espírito). Isso lançaria uma possível luz sobre a questão que a muitos preocupa, sobre a possibilidade de dizer-se que o Espírito Santo também seja Filho, já que sai do Pai, como se lê no Evangelho (Jo 15:26). Saiu do Pai, sim, mas não como nascido, mas como Dom, e por isso, não se pode dizer filho, já que não nasceu como o Unigênito e nem foi criado como nós, que nascemos para a adoção filial pela graça de Deus.”
            Da mesma forma o Espírito Santo. Ele se distingue tanto do Pai como do Filho. As três (pessoas da trindade) tem uma relação real e subsistente, mútua entre elas mesmas. Agostinho descreve perfeitamente o Espírito Santo:
“Não há, pois, senão um bem simples, e, consequentemente, senão um bem imutável – Deus. E este bem criou todos os bens, que sendo simples, são, portanto, mutáveis. Digo, precisamente, criou, isto é, fez, e não gerou. É que o que é gerado de um ser simples é simples como ele é o mesmo que aquele que o gerou. A estes dois seres chamamos Pai e Filho e um outro com o seu Santo Espírito são um só Deus. A este Espírito do Pai e do Filho se chama nas Sagradas Escrituras Espírito Santo por uma espécie de apropriação deste nome. É, porém, distinto do Pai e do Filho, pois não é nem o Pai nem o Filho. Disse que é ‘distinto’ mas não ‘é outra coisa’, porque também Ele é igualmente simples, igualmente imutável e co-eterno. E esta Trindade é um só Deus e não deixa de ser simples por ser Trindade. (...) É por isso que se chama simples à natureza que nada tem que possa perder; ou é simples a natureza em que ‘aquele que tem’ se identifica com ‘aquilo que tem’. [Portanto] chamam-se simples às perfeições que, por excelência e na verdade, constituem a natureza divina: porque nelas não é a substancia uma coisa e a qualidade outra coisa.”

Sintetizando:
1)      O Pai não é o Filho: Enquanto Jesus estava na terra ele estava em contato com Deus. Temos a oração de Jesus em João 17 como exemplo. Cristo se comunica com se Pai, senão Cristo estava falando com quem? Para uma conversa é necessário duas pessoas.
2)      O Filho não é o Espírito Santo: Cristo afirma em João 15:26 que vai enviar o Espírito Santo aos discípulos. Fica bastante claro que o Espírito Santo é outra pessoa, distinta de Cristo.
3)      O Espírito Santo não é o Pai: João 15:26 diz que o Espírito Santo vem do pai, então Ele mesmo não pode ser o Pai. No batismo de Jesus o Espírito Santo desceu dos céus em forma de pomba enquanto o Pai falou dos céus, dentre outros exemplos. 

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Salmo 51 - Esboço do sermão em 22/10/2012

Por Danyllo Gomes



A GLORIA DE DEUS NO HOMEM (o arrependimento!)

Introdução:
O homem é criado para a honra e glória de Deus! Tudo o que o homem deve fazer é para a gloria de Deus, inclusive o arrependimento. Porém no arrependimento o Senhor é glorificado de um modo diferente. O mal é transformado em benção, a tristeza é transformada em alegria. Na oração didática de Jesus ele nos ensina, logo no inicio, que devemos santificar o Seu nome. Mas como isso é feito? Como santificamos o nome de Deus? Não apenas com palavras, mas com atitudes. Quando falamos no arrependimento para a vida, não estamos nos referindo a um sentimento humano do tipo remorso ou sentimento de culpa que brota no coração ou na sua consciência por si só. Mas, um sentimento sem igual dado por Deus de senso de pecado que é uma manifestação da graça divina na vida do pecador, movendo-a a sentir tristeza e repugnância das coisas contrárias a Santa e Justa vontade de Deus. Através deste sentimento de arrependimento o pecador é iluminado tendo as suas inclinações pecaminosas afetadas pela regeneração levando a pessoa a perceber e apreciar a santidade de Deus como nos é apresentada na sua Santa Palavra. Quando nos arrependemos a glória de Deus é mostrada em nossas vidas. Deus é refletido em nossas vidas. Então deixe de fazer duas coisas:
·         Não o banalize; não use de desculpa o fato de que Deus é glorificado através do arrependimento para fazê-lo sem evitar o pecado. Evite o pecado antes de evitar o arrependimento.
·         Porém, se não evitar o pecado (e isso me leva ao segundo ponto), não deixe de pedir perdão. Deus não vai lhe ver com olhos diferentes do seu outro irmão! [pausa] Davi, o homem segundo o coração de Deus, se arrependeu, se humilhou e reconheceu. Arrependimento é algo nobre, nem todos fazem.
Confessar a Cristo inclui arrependimento, não é apenas abrir a boca e falar! Rm 10:9-10. Não é qualquer pessoa que abre a boca e diz que Jesus é o seu Senhor que Jesus realmente será seu Senhor! Não use esse texto para falar que é apenas confessar! [pausa] Sabe o que significa confessar nessa época?! Significa morte! Se o império perguntasse a você se você cria em Cristo e dissesse que sim você seria morto! Entende o que significa confissão? Não é apenas o abrir de uma boca e o falar de umas palavras, significa uma vida! [pausa]
Arrependimento é a volta do homem para Deus. Sem arrependimento não há salvação.

Contexto:
O texto que vamos estudar hoje trata da confissão de Davi para o Senhor. O pecado que Davi cometeu com Bate-Seba.
2 Samuel 11 narra o pecado de Davi:
Davi deveria estar na guerra. Mas ao invés disso ele estava na varanda de sua casa vendo uma mulher se banhar. Ele a desejou, chamou seus servos e disse: “Vá busca-la! Eu a quero”. Ele a levou, fez sexo com ela e então percebeu que estava em grande confusão. Esta garota ficou grávida, ele teve que fazer algo a respeito. Então Urias, o heteu (que é esposo de Bate-Seba), Davi o traz pra dentro, e quer que ele se deite com sua esposa. Você sabe, numa tentativa de corrigir as coisas. Tentamos corrigir as coisas não é? Desde o princípio nós tentamos corrigir/cobrir os nossos pecados. Você não tem que cobri-lo, você tem que ficar limpo! Deus tem que cuidar disso. Então Urias, o heteu, eventualmente, Davi o envia a linha de frente e tem o marido morto.  Agora, Davi é um adúltero e um assassino. E em 2 Samuel capítulo 12 verso 1 diz: “ O Senhor enviou Natã a Davi.” Natã era profeta. E ele veio a Davi e disse a ele esta história: “Havia numa cidade dois homens, um rico e um pobre. Tinha o rico ovelhas e gado em grande número, mas o pobre não tinha coisa alguma, senão uma cordeirinha que comprara e criara, e que sua casa crescera, junto com seus filhos; comia do seu bocado e do  seu copo bebia; dormia nos seus braços, e a tinha como filha. Vindo um viajante ao homem rico, não quis este tomar das suas ovelhas e do gado para dar de comer ao viajante que viera a ele; mas tomou a cordeirinha do homem pobre e a preparou para  homem que lhe havia chegado. [O profeta de Deus contando uma história e um pecador escutando]. Então, o furor de Davi se acendeu sobremaneira contra aquele homem, e disse a Natã: Tão certo como vive o SENHOR, o homem que fez isso deve ser morto! E pela cordeirinha restituirá quatro vezes, porque fez tal coisa e porque não se compadeceu. Então Natã disse a Davi: Tu és o homem! Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Eu te ungi rei sobre Israel e eu te livrei das mãos de Saul. Dei-te a casa de teu senhor e as mulheres de teu senhor em teus braços e também te dei a casa de Israel e de Judá; e, se isto fora pouco, eu te acrescentaria tais e tais coisas. Porém, pois, desprezaste a palavra do Senhor, fazendo o que era mal perante ele? A Urias, o heteu, feriste à espada!” . Davi, o homem segundo o coração de Deus sendo acusado! Ele poderia ter enfiado uma espada na cabeça de Natã! “Cala a boca Natã, sai da minha vida”! Mas ele não o fez! Esse é Davi, homem de Deus, rei!
Antes do arrependimento, Davi não evitou o pecado!
1)      Não foi para a guerra. Descuido e negligencia.
2)      Avistou, cobiçou e possuiu Bate-Seba, que teve um filho.
3)      Tentou reparar o erro trazendo Urias da guerra. Não funcionou!
4)      Mandou matar Urias
5)      Casou-se com Bate-Seba
Um único passo (não ir para a guerra, que foi descuido e negligencia) gerou um adultério e um assassinato. Tome cuidado com seu pecado. Ele não vem de vez, ele vem devagarzinho, “comendo pelas beiradas”.
Seus pecados têm consequências:
1)      O filho de Bate-Seba morre (2 Sm 12:19)
2)      Amnom comete incesto com Jamar (2 Sm 13:14)
3)      Absalão mata Amnom para vingar Jamar (2 Sm 13:28,32)
4)      Absalão rebela-se contra seu pai e pleiteia o trono (2 Sm 15:5-6)
5)      Absalão deita-se com as concubinas de seu pai (2 Sm 16:22)
6)      Absalão morre e Davi o pranteia muito (2 Sm 18:15,33)
Apesar de perdoado (Salmos 32) o pecado de Davi teve consequências. Consequências não significa “não ser perdoado”. Consequência não tem nada haver com perdão ou não, tem haver com pecado. Precisamos pedir perdão independentemente das consequências.
Texto:
Após a repreensão de Natã Davi escreve o Salmo 51(ler texto).

1)      Súplica
·         Davi suplica pela “multidão das Tuas misericórdias”. (vs. 1)
·         Pela limpeza e purificação que só vem do Senhor. (vs. 2)
Deus atende Davi segundo a Sua bondade. O perdão de Deus não depende do arrependimento de Davi. Depende apenas da vontade de Deus, que através da Sua misericórdia pode nos perdoar. Davi sabe disso, Davi sabe que só Deus pode apagar suas transgressões. Ele mesmo não pode nada, e ele reconhece isso!
Verso 2 ele pede a Deus “purifica-me do meu pecado”. Sabe o que significa ser purificado? Não é apenas ser limpo uma vez e depois sujar-se de novo. Ser purificado significa ser limpo para sempre, livrar-se da sujeira para sempre! Deus purifica Davi, prova disso é que a Bíblia não relata mais nenhum adultério de Davi após isso. Ser purificado não é apenas ser limpo no momento, é algo mais profundo. Purificação é a base do arrependimento. Se você foi verdadeiramente purificado de um pecado você não o comete mais. Não é a toa que Davi diz: “Lava-me completamente da minha iniquidade [...]”. O lavar é o momentâneo, é o agora; mas o purificar é algo mais profundo, é você não desejar cometer o pecado novamente. Como exemplificação podemos colocar o soro:
Soro viral é imediato. Atua exatamente nas células afetadas pelo vírus destruindo-o rapidamente. E por atuar nas células específicas também estimulam a produção de anticorpos do próprio corpo contra o agente externo, fazendo com que seu corpo fique em alerta e já saiba se defender caso o mesmo tipo de vírus vier a atacar novamente.
Do mesmo modo quando nós somos purificados o nosso pecado é destruído rapidamente. E da próxima vez que ele atacar de novo nós já vamos estar alertas e vamos saber nos defender. E isso vem de Deus. Você suplica pela lavagem e purificação dos seus pecados?
2)      Reconhecimento
·         Do pecado e da natureza pecaminosa (vs. 3,5)
·         Da santidade e da justiça de Deus (vs. 4)
·         Da necessidade da vida santa (vs. 6)
O pecado de Davi está diante dele. Ele consegue vê-lo! Observe uma palavrinha: “...sempre...”. Não apenas naquele momento, mas sempre o pecado de Davi estava diante dele. Dia após dia, momento após momento ele via seu pecado. Você precisa ver seu pecado. Onde ele está? Você pode ser a única pessoa que sabe que você o faz, mas ele está diante de você! Você nasceu no pecado! A sua natureza é pecaminosa. O que você quer é pecaminoso. Seu pecado precisa estar diante de você. Davi não olha para ninguém, apenas para Deus.
“Pequei contra ti, contra ti somente...”. Não cita Bate-Seba, não cita Urias, cita apenas Deus! Davi pecou contra Deus. O reconhecimento da santidade e da justiça de Deus! Davi feriu a santidade de Deus e se Deus o condenar Deus será justo. Porém Davi roga por misericórdia, é o que vemos nos primeiros versículos. Precisamos rogar pela misericórdia de Deus. No verso 6 diz: Eis que te comprazes na verdade no íntimo...”. Sinceridade no íntimo do coração. Arrependimento sincero é nos propormos não mais ter vontade de cometer pecado. Deus trabalha arrependimento interno, e não apenas externo (Exemplo: se eu não fosse crente eu daria um soco em você agora! Ou Se eu num fosse crente eu ia encher a cara!) Isso não é arrependimento interno. É algo mais profundo, é a sua vontade. Arrependimento é mudança de vontade, que gera mudança de comportamento. A nossa vontade deve estar submissa a de Deus. A pergunta é: a sua está submissa a ele? Porque se não está ela precisa estar.
Deus deseja a verdade no nosso íntimo, e ao mesmo tempo ele nos dá condições de sermos verdadeiros no nosso íntimo. “...no recôndito me fazes conhecer a sabedoria”. Deus aplica no íntimo do nosso coração Sua sabedoria. Ele aplica a necessidade de vivermos uma vida santa, porque é disso que se trata a sabedoria (No caminho da sabedoria, te ensinei e pelas veredas da retidão te fiz andar. Pv 4:11). Precisamos nos render a Ele e pedir que nos dê a devida sabedoria para que estejamos verdadeiros no nosso íntimo. A sabedoria é o que nos vai levar a ter no íntimo o que é correto. A sabedoria verdadeira é a que nos leva a entender os preceitos do Senhor. É o que nos vai levar a sermos santos dia após dia. Busque ser verdadeiro no íntimo do seu coração com o Senhor que é com base nessa verdade que Deus se alegra.
3)      Busca por santidade e poder restaurador de Deus
·         Torna o pecador mais alvo que a neve (vs. 7)
·         Que é eficaz para dar alegria (vs. 8)
·         Que é eficaz para perdoar pecado (vs. 9)
·         Que muda os intentos do nosso coração (vs. 10)
·         Para manter o perdoado na comunhão e na presença do Senhor (vs. 11-12)
O Senhor tem poder para nos tornar mais brancos que a neve. A palavra “hissopo” é uma alusão à purificação dos leprosos. O leproso nessa época era visto como alguém amaldiçoado! Para nós, hoje, não é tão forte, mas para a época é algo totalmente imundo. As pessoas que tinham lepra viviam numa cidade longe do povo de Israel; isso era algo humilhante. Davi sabe do seu pecado, e ele sabe que ele, naquele momento estava igual um leproso! Davi estava imundo, igual como nós estamos. Ao mesmo tempo em que Davi reconhece o seu estado ele reconhece que o Senhor pode limpá-lo! Deus é um Deus que perdoa pecados. Mas ele perdoa através apenas de Jesus Cristo. Temos que tomar cuidado com a teologia da restituição. Exemplo prático:
Suponhamos um casal. O marido não tem o costume de lavar a louça, mas a esposa sempre reclama porque ele não o faz. Num determinado dia esse casal tem uma discursão séria. Depois de algum tempo o marido reconhece que errou e pede perdão. Porém, por ter feito algo que era errado para com a sua esposa ele se sente na obrigação de restituir o que fez com ela. E a primeira coisa que ele faz logo após que pede perdão é lavar a louça.
Não tem problema o marido fazer isso com a esposa, mas tem problema nós fazemos algo do tipo com Deus. Não podemos depois de pecar sair fazendo boas obras com o intuito de “restituir” Deus pelo nosso pecado. Ou fazer qualquer outra coisa e no coração estar com um sentimento de recompensa. Se fizermos isso, mesmo que inconscientemente, vamos querer tomar o lugar de Cristo. Cristo foi quem pagou a recompensa pelos nossos pecados. O pecado cometido já foi pago por ele. Não precisamos “restituir” Deus com nada.
Davi quer exultar a Deus, mas ele não consegue. Os ossos esmagados de Davi, os ossos que foram quebrantados pelo poder de Deus na boca do profeta Natã, agora querem exultar a santidade do Senhor. O mal foi transformado em benção, o pecado em santificação. Davi roga pra que Deus esconda o Seu rosto dos seus pecados e apague as suas iniquidades. Davi não fala isso sem saber se Deus vai perdoar ou não, Davi sabe que Deus perdoa. Deus é um Deus de perdão. Deus é um Deus de misericórdia. Precisamos ter essa confiança. Não podemos duvidar do perdão de Deus, pois quando fazemos isso colocamos em jogo o sacrifício de Cristo na cruz. Precisamos ter fé que Deus nos perdoa verdadeiramente! O perdão não é algo que vem de nós, mas de Deus. É algo que recebemos através do sacrifício de Cristo. Não podemos duvidar do sacrifício de Cristo. Não tenha dúvida, Deus é um Deus de perdão e misericórdia.
No verso 10 a palavra “Cria” é o mesmo termo usado na criação do mundo em Gn 1. Quando Deus criou o mundo ele criou “ex nihilo”, ou seja, do nada. A mesma palavra que se refere a criação do nada Davi usa para se referir a ele. Davi pede para que Deus crie um coração puro nele porque ele não tem! Esse coração puro vai surgir do nada, porque não existe nada de puro. Só Deus pode fazer esse milagre. Para mim o milagre da regeneração do homem é maior do que a criação do mundo: a criação foi do nada, mas a regeneração do homem é uma transformação do mal para o bem. Só Deus pode transformar o homem. A regeneração transforma o homem interior para que ele ame a Deus. Por natureza nós não amamos a Deus; nós o odiamos. Mas a regeneração nos faz amá-lo! A regeneração nos leva à santificação. Na verdade, a prova da regeneração é a santificação. Você é regenerado? Você tem um espírito inabalável?
Davi não quer sair da presença do Senhor. Isso é algo bom pra ele. “Não me repulses da tua presença”, Davi pede pra que Deus não retire Davi da Sua presença. É prazeroso pra Davi estar na presença do Senhor e por isso ele roga pra que Deus não o retire. O Santo Espírito é a unção que Davi tinha recebido pra ser o rei de Israel. Ele não quer ser igual a Saul, não quer ser destituído do trono. Davi quer liderar o povo de Deus com eficiência. Então ele roga pra que Deus não o tire do trono. A pergunta é irmãos: nós temos prazer na presença do Senhor como Davi tinha? O prazer dele era tão grande que ele pediu pra que Deus não retirasse essa alegria! A alegria de estar na presença do Senhor. “Restitui-me a alegria da tua salvação...”, queridos, o pecado nos toma a alegria de estarmos em Cristo!
A alegria:
o   É uma paixão doce e prazerosa
o   Surge do sentimento de algo bom
o   Dá suporte à alma que passa por problemas
o   Protege o coração contra temores futuros
Essa alegria procede do Espírito Santo. O pecado nos afasta dessa alegria. Precisamos buscar essa alegria. Irmãos, não há maior alegria do que sabermos que somos totalmente seguros nas mãos de Deus e que isso não depende de nós. Precisamos estar satisfeitos em Deus. Como John Piper diz: “Quando pecamos é prova que não estamos satisfeitos no nosso Deus, queremos algo mais.” E quando buscamos a alegria que não seja na salvação, essa outra alegria, nos toma a verdadeira alegria que é estarmos em Cristo.
Entendem irmãos como Deus é glorificado? Como a Sua majestade é revelada no nosso arrependimento? O que define a santidade do cristão não é somente sua capacidade para não pecar, mas também sua disposição para arrepender-se todas as vezes que isso acontecer.